❤ Um Blog para quem curte a maternidade com afeto. ❤

sábado, 31 de maio de 2014

A importância do brincar (Parte 2).



Brincadeiras, jogos e fantasias

O processo de formação simbólica corresponde à construção entre objeto e pensamento. Esta é “constituída a partir do momento em que a criança representa um ato, uma ação, na ausência de seu conceito habitual” (KOUDELA, 1990, p. 34).

Com a construção do símbolo a criança avança intelectualmente. Através da imitação, ela utiliza seu próprio corpo para representar objetos ausentes, tornando-o dessa forma expressivo. Quando representar algo, se faz necessário ela utiliza outros objetos evocando aquilo que está ausente, isso é o que podemos chamar de jogo simbólico, neste, o que importa é apenas simbolizar, não importando o realismo do objeto em questão.
Assim, podemos definir brincadeira, como um ato que se caracteriza pela ausência de regras rígidas ou determinadas. Estas serão apenas utilizadas pela criança quando convir as suas necessidades.

“A brincadeira não se processa em alinhamento com a realidade objetiva ou com a sequência lógica dos fatos, mas sim com as livres associações do momento” (BETTELHEIM, 1998. P. 157) .
Os indivíduos podem desempenhar papeis diferentes, com diferentes personalidades, desempenhando um papel, “como se fosse outra pessoa, ou melhor, é outra pessoa” (HUIZINGA, 1980, p.16).  Aqui, nessa brincadeira de “faz de conta”, as crianças podem expressar através de outros personagens, seus medos, frustrações e inquietações sem, no entanto se expor.

Quando à vontade de “brincar de” já existe a criança pode ser mais criativa, pois ela mesma pode inventar os objetos, valendo-se de qualquer sucata.

Já os jogos correspondem a uma fase mais amadurecida, são competitivos e “caracterizados por uma exigência de se utilizar os instrumentos da atividade do modo para o qual foram criados, e não como a imaginação ditar” (BETTELHEIM, 1998, p.157). Geralmente se aproximam do nosso modo adulto de ser.

A fantasia também exerce um papel fundamental, pois se valendo da imaginação, “a criança pode ser absolutamente despótica, sem limitações para o seu domínio” (BETTELHEIM, 1998, p. 157).  No entanto quando trazida para a brincadeira, traz certas limitações, já que o mundo real, muitas vezes, não corresponde ao imaginário. Neste caso, a “criança que é muito realista ou então sonhadora, não brinca criativamente. 

Se for muito realista não conseguirá imaginar coisas que não está acostumada a ver, nem aceitará uma representação apenas aproximada, portanto o criticismo inibirá a criatividade. Se for muito sonhadora poderá gastar suas energias em devaneios, sem chegar a reproduzir suas criações porque se satisfará, só com sua imaginação” (CUNHA, 1998, p.19). Logo, faz-se necessário o embricamento entre fantasia/brincadeira e jogo na construção de uma personalidade plenamente sadia.

 
A Participação da Família

A participação dos pais e de outros adultos significativos é de suma importância para a plena formação da personalidade.

Inicialmente, todo o eu está contido no seu corpo. É o que podemos chamar de eu corporal. Nessa fase, todas as suas atitudes e percepções são diretamente ligadas ao seu corpo. Por isso, os pais devem respeitá-lo e demonstrar atitudes de carinho e respeito, o que refletirá diretamente na forma como a criança construirá sua personalidade. Caso contrário, ela irá reagir de forma negativa com eles e com ela própria, ocasionando a destruição de sua autoimagem.

Também os sentimentos inconscientes dos pais são sentidos pela criança, mas apenas no nível subconsciente, interferindo plenamente na habilidade de encarar o que seriam seus verdadeiros sentimentos se permitisse tomar consciência deles.

No processo de construção da personalidade inúmeras vezes nos deparamos com mudanças bruscas no comportamento das crianças; estas são formas de re-trabalhar os problemas anteriores, o que requer dos pais uma aceitação interna durante todo o tempo, além de um amplo repertório de respostas diferentes as diferentes situações.

Se, “os pais em vez de encorajarem o desenvolvimento do eu do filho, criam estorvos, a criança pode renunciar o seu eu florescente, a fim de obter uma pseudo-segurança, através de uma fusão com a mãe” (BETTELHEIM, 1998, p. 30), fixando-se assim num “pseudo eu resultando mais tarde numa experiência psicótica, marcada pela despersonalização” (BETTELHEIM, 1998, p.135).



Por isso, os pais devem tornar clara a sua aprovação e reconhecimento do crescimento e de atitudes de independência que a criança desempenha. Assim, ela terá segurança em definir os traços de sua identidade.


Ivana Braga Falcon.
Psicopedagoga, especialista em Neuropsicologia, Pedagoga.
Coautora do livro “Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem” pela editora WAK, 2011.
Palestrante, professora em cursos de pós-graduação, formadora de pais e de professores.

(71) 8114-2759

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A importância do brincar (Parte 1).


“Dize-me como brincas e te direi... como tu és”.

É através da brincadeira que as crianças têm a possibilidade de compreender seus problemas, como as coisas funcionam e também noções de reversibilidade. Esta é adquirida aos poucos a medida em que ela pode avaliar seus atos verificando as consequências embutidas nele.

É no decorrer destas que há a possibilidade de serem expressos sentimentos que normalmente teriam dificuldades ou não conseguiriam colocar em palavras.

É na idade das brincadeiras que há a possibilidade de construção de uma ponte entre o “mundo inconsciente e o mundo real” (BETTELHEIM, 1998, p. 154). Neste caso, o lúdico interage entre os mundos externo e interno. Com a ação no mundo real a criança pode entender o significado de tudo que a cerca.

No processo de construção da identidade para nos tornarmos nós mesmos precisamos de experiências em quantidade razoável.

O desenvolvimento cognitivo e emocional na criança ocorre a partir das experiências vividas, assim como a compreensão que ela tem da realidade é construída no decorrer das experiências simbólicas. Este é um dos principais motivos pelo qual as crianças utilizam o jogo e a brincadeira no seu cotidiano. Quando por exemplo, a menina brinca de mamãe, assumindo seu papel, passa a entender melhor suas atitudes, já que agora ela “ocupa o lugar” da sua principal referência ou ainda quando o garoto “faz de conta” que é bombeiro como o pai, imitando-o nos seus mínimos detalhes pode experimentar, assim como a menina, os possíveis papeis que os adultos assumem, podendo ou não auxiliar numa atividade futura.

Podemos observar assim, através desse pequeno discurso, como é extraordinária a abrangência dos comportamentos solicitados pelas brincadeiras dos pequenos, pois reúnem, tanto atividades físicas quanto mentais e imobilizam suas disposições cognitivas sociais e emocionais. Essa é mais uma importância de sua relevância para a formação da personalidade.

Outro aspecto da amplitude que o jogo oferece, diz respeito a seus vínculos com a sociabilidade. É fácil verificar que os jogos coletivos obrigam a criança a organizar-se mutuamente nas ações, a intensificar as comunicações e a cooperar. De certo modo permitem a descoberta do “outro” e isso repercute sobre a descoberta de si mesmo. Não há dúvidas de que os jogos individuais também têm seus valores quando desenvolvem prazerosamente habilidades físicas e mentais.
“As crianças são “as personagens “dos jogos. Os papeis mudam de um cenário para outro. E todas têm a oportunidade de experimentar “pegar o outro ou serem pegos”; brincar com os amigos ou entre eles. É só um jogo. Mas é muito mais do que um jogo”. (FREEDMANN, 1996)
                                                                        
Por que as crianças brincam?

A maioria das pessoas diria que a utilidade primordial das brincadeiras seria a descontração e que as crianças brincam porque gostam. Esse é um fato indiscutível. “As crianças têm prazer em todas as experiências, física e emocional" (WINNICOTT, 1982, p. 161).

Mas trás desse prazer, escondem-se os seus objetivos mais significativos, pois é através da brincadeira que as crianças tentam compreender o mundo em que vivem, conquistando maior autonomia.  Trazendo a realidade para seu mundo simbólico, as crianças têm a possibilidade de reverter situações que lhe impõem dificuldades distorcendo-as a seu favor, ou até imitando incondicionalmente cada aspecto identificado por elas.

“Conquanto seja mais fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito mais difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angustias, controlar ideias ou impulsos que conduzem a angustia, se não forem dominados” (WINNICOTT, 1982, p. 161).

Logo, é através das atividades lúdicas que a criança pode explorar sentimentos reprimidos ou que não tem capacidade, no momento, de expressar através das palavras. Mas não só relacionamos a brincadeira a processos psicológicos. As atividades lúdicas influenciam diretamente no seu desenvolvimento intelectual através de exercícios que envolvem processos mentais.

“Muitas crianças que não tem oportunidade de brincar e com as quais, raramente se brinca, sofrem graves interrupções ou reverses mentais” (BETTELHEIM, 1998, p. 145).

“O desenvolvimento da inteligência se relaciona com a linguagem e com o discurso” (KOUDELA, 1990, p. 27), pois é através da sua exploração que ela pode perceber não só a sua importância como também a sua funcionalidade. “A brincadeira é a prova evidente e constante da capacidade criadora que quer dizer vivência" (WINNICOTT, 1982, p. 161).

Outra maneira de encarar esse assunto complexo é que nas brincadeiras, a criança liga as ideias com a função corporal. “O prazer derivado da capacidade de funcionar é um dos mais puros e importantes. Gostamos da experiência de que nosso corpo funciona bem” (BETTELHEIM, 1998, p. 144). 

Por isso, não raras vezes a criança encontra prazer nas atividades esportivas desafiando os limites de seu corpo.


Assim, “Podemos observar, que as atividades lúdicas são o cerne do desenvolvimento humano, desde quando constituem ainda uma das principais bases da civilização”, (HUIZINGA, 1980, p. 8), pois uma das principais características humanas reside na capacidade de construir símbolos.


Texto escrito por: 
  
Ivana Braga Falcon.
Psicopedagoga, especialista em Neuropsicologia, Pedagoga.
Coautora do livro “Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem” pela editora WAK, 2011.
Palestrante, professora em cursos de pós-graduação, formadora de pais e de professores.
(71) 8114-2759

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vai visitar um recém nascido? Se ligue nas dicas!




A melhor dica de todas é: seja empático, procure entender e dar suporte para os pais.

Se o bebê chora, dê um desconto! Esqueça que um dia existiu esse protocolo de "tratar bem as visitas" e não fique chateado se não fizerem muita sala pra você! Rsrsrsrrs! Pois é! Esse bebê só vai parar de chorar se a mamãe dele for dar de mamar ou pega-lo no colinho... (Ou não! Pode ser que ele esteja afim de chorar e pronto. Tem disso também!)

Se a mãe estiver uma mondronga no dia da sua visita ( e provavelmente vai estar), dê um desconto! Nada de falar que Gisele Bundchen e a Claudia Leite perderam peso em uma semana, OK?

Pergunte qual o melhor horário para visitar a família. Provavelmente, não vai ser à noite, apesar de ser melhor para você. Dê um desconto! Bebês tendem a ficar mais instáveis e com cólicas durante a noite.

Se a mãe está tendo dificuldades com a amamentação, nada de falar da sua tia que teve uma mastite, que ficou com pus, com febre e foi parar no hospital. Nada de assombrar a pobre da mãe, heim? Isso vale para as demais situações iniciais de dificuldades que passa uma mãe. Procure ser positivo!

Se for dar um conselho, seja sincero e esteja bem informado. Palpites alheios são meio chatos e, pior ainda, quando vão contra a filosofia da família. Exemplo: Se uma familia optou pela fralda de pano, não vai encher o saco falando de fraldas descartáveis! Veja bem...

O choro do bebê é irritante, ensurdecedor para você? Ficou incomodado? Achou o bebê chato? Sabe de nada inocente... Agora imagine a pobre da mãe que já está cansada e várias noites sem dormir! ACREDITE! Ela, mas do que ninguém, deseja ver o filho tranquilo e sem chorar! Nada de dizer pra mãe que o filho tá fazendo manha ou coisa do tipo, heim? Nada de presentear com livros do gênero nana nenê... Promete? Jura? Olha lá, heim? Não me faça uma besteira dessas! :-D



Outro ponto importante: respeite as orientações dos pais. Se não gostam que beijem o bebê, se solicitam que lavem as mãos antes de pegar na cria deles, se não querem que ofereça água, leite... O que for... Pelamor! Pelamor de meu Deuzinho... Não vá sair beijando, pegando e oferecendo o que não deve, certo? Tenha CERTEZA de que os pais vão ficar Pirados! Vão ter ódio de você. ÓDIO, com todas as letras!

Se vai levar um presente, boas opções são: fraldas, roupinhas, sapatinhos. O melhor mesmo é perguntar do que eles estão precisando no momento. Talvez se você levar uma pomada de assaduras, porque a deles acabou, seja muito mais útil do que uma roupinha, que talvez fique entulhada no guarda roupa. Ou comprar o pão do dia, ou ajudar com a louça... Vai saber! Muitas vezes, uma ajuda vale mais que um presente comprado na loja.

Importante! Mostre que a amizade continua. Ligue, mande mensagem, mantenha contato, esteja disponível! A solidão materna é muito comum nos primeiros meses. Mas, entenda que aquela mensagem no facebook ou no zapzap pode ser respondida com certo atraso, OK? Não por falta de amor ou atenção, mas por falta de tempo e devido ao cansaço extremo!


Se o bebê está dormindo, nada de acordá-lo! PAROU A BRINCADEIRA DE MAU GOSTO! Nada de barulho, fotos com flash, ficar mexendo na mão do bebê etc. Deixe a criança dormir em paz e aproveite o momento para botar o papo em dia com a mamãe e o papai. Certamente, terão muitas histórias para contar.

Deixe eu te dizer uma coisa! Você sabia que o bebê gosta de ficar quentinho e grudadinho no colo da mãe? Esse negócio de troca pro colo de um, depois troca pro colo de outro... E troca e vai pra outra pessoa, parecendo uma brincadeira de "lá-vai-a-bola-girar-na-roda"... Hummm... Não é muito legal não... Mas, se você faz questão de carregar o baby, pergunte pra mamãe se ela está de acordo.

São dicas preciosas, concorda? Compartilhar com os amigos, principalmente com aqueles "sem noção", ajuda bastante! :-D

(Mama)

O amor dá para todos (animais em casa)!


Sou apaixonada por bichos. Sempre fui. Respeito todos e gosto de muitos. Acredito na evolução da humanidade a partir do respeito aos indivíduos - de qualquer espécie. 

Acho que nós, humanos, temos muito o que aprender voltando aos períodos pré-civilizados e nos incorporando ao natural que deixamos de ser, nos vendo mais organicamente e mais iguais às outras espécieis. No entanto, conto com a civilidade para a consciência de alguns atos que trazem grandes responsabilidades (é o mínimo que podemos requerer desta condição que criamos): saber se colocar no lugar do outro, por exemplo. Esta façanha que nos dá a obrigação de respeitar mais que qualquer outro ser, de cuidar, de zelar, como se fôssemos nós mesmos!
Enfim, se somos civilizados, devemos ser no que melhora a nossa relação com aqueles que seriam como nós, se estivéssemos antes! =)

Quando fiquei grávida já sabia o que estaria por vir. Com 13 gatos e 3 cães em casa, continuaria a ouvir as críticas de sempre, só que pioradas. Sabia que os conhecidos e alguns amigos (pois os amigos mais próximos nem arriscariam) começariam a exercer o papel de cuidadores das boas tradições lembrando que com a chegada de Gael eu não poderia mais compartilhar a cama com meus filhos caninos e felinos, ou deixá-los livres pelo cômodo, ou estar em contato íntimo com eles mais. Nada de compartilhar alimentos, de deitar na mesma cama etc. Bulshit.


Tive muito medo do contato com meus gatos durante a gravidez pelo peso que eu causaria a eles, caso ingerisse alguma verdura contaminada e contraísse toxoplasose. Pedia desculpas a eles diariamente por isso, e prometia que estava me comportando na ingestão de saladas pela rua, carnes cruas, etc. Garanti que jamais iria deixar que uma ingestão de alimento mal lavado fizesse todo o mundo recair sobre eles como culpados por eu ter toxoplasmose. Imaginem vocês que em quase 10 anos na presença de meus felinos (todos resgatados das ruas), de outros na rua, e de outros em abrigos, eu jamais havia tido contato com a doença - os exames da gravidez confirmam - e pasmem: ainda grávida, com todo o mesmo contato, nada mudou. Nenhum sinal de contato com toxoplasmose (seria benéfico pra mim que eu tivesse tido contato antes e já tivesse os anticorpos desenvolvidos para a gravidez). 

Quando Gael nasceu tive também outra preocupação (e essa tenho até hoje): como manter a atenção a todos, com um novo membro em casa, cansada, morta, sem dormir, sem tempo... todos eles sentiram - e sentem muito, mas, desde sempre, estabeleci o contato. Integrei como pude, todos em uma só família. 

Hoje, para meu alívio, Gael começa a buscar eles com mais frequencia. O ciúme que foi causado em algum momento pela falta de atenção está diminuindo. Todos se lambem, reclamam uns com os outros, brincam, pegam brinquedos, interagem. 

So sei que Gael, até hoje, não apresentou nenhum problema de saúde relacionado aos animais. Nem processos alérgicos, nem nada. Alguns sustos e acordadas com latidos, sim. Mas também muitos risos com as brincadeiras de Penny, Petit e Panqueca em volta dele e com os miados e dengo de Simba, Dorothy, Pretinha, Sissi, Pepê, Bibo... Gael está sempre buscando oportunidade de pegar nos meus filhotes mais velhos que muitas vezes fogem dos carinhos agressivos dele. A preocupação muitas vezes se volta aos bichos.

Se há algo que Gael vai entender é que ele é igual. Ele apenas não: é que nós somos. Que nós todos sentimos, temos vontades, necessidades, nossos momentos de tristeza, alegria, dengo, raiva, etc. e que precisamos todos de respeito.

Sou feliz por poder realizar essa parte da educação diariamente, em casa, no convívio leve da rotina. Moro em um local onde cavalos e vacas andam pelas ruas e Gael não precisará de livros e zoológicos para conhecê-los. 

Logo logo, Gael será inserido na rotina do cuidado, do carinho que é preciso ter com aquela vida que nos dispomos a cuidar quando tomamos a decisão de adotar. Ah, e sim, e saberá que vida nenhuma se compra! Tampouco, são compradas as amizades. Todos os animais que fazem parte da nossa família foram pegos na rua, sem troca, sem nenhuma exigência de perfil. Foram aceitos, inseridos e amados independentemente de tamanho, cor, barulho ou necessidades individuais. Chegaram e ficaram assim mesmo como são. E como devem ser os amigos, nossa família, eu, você...


--
Maína Marinho Diniz

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Um dia minha (ex) chefe me falou...

Eu estava grávida, de barrigão, trabalhando, quando a chefe do setor me veio com um papo, meio que me dando uma indireta (super direta) de que ela tinha um filho e que sempre trabalhou muito e tals.

Nesse papo (só dela, porque eu fiquei calada) ela comentou que trabalhou até o último dia da gravidez, que saiu do trabalho direto para o hospital. Ohhhh! Que impressionante!

Depois ainda continuou dizendo que tinha voltado a trabalhar com menos de um mês. (Uau! Quando eu crescer não quero ser igual a você! Só isso!)

Eu fiquei olhando bem profundamente para ela e continuei muda. Mas, eu acho que perdi uma ótima oportunidade de falar: "Meu bem, sinto dizer, mas você não é espelho de boa maternidade para ninguém!"


São aqueles SAPOS típicos que a gente costuma engolir quando está trabalhando. Afinal, ela faz da vida o quiser, né? (Se ela não quis ficar o com filho recém nascido...)

O que ela não contou (nesse papo de profissional de sucesso que larga o filho com os outros), foi que a criança pode contar com a "criação" da avó, desde recém nascido e que entrou na mamadeira desde o berçário.

Bom... Essa prática de querer impor sua filosofia de vida para o outro... É uma maravilha! #sqn

Não tenho boas lembranças da época em que estava trabalhando grávida, muito por conta da gestão do setor em que eu trabalhava. Tinha que fazer hora extra não remunerada e ir para eventos nos fins de semana (sem a  mínima necessidade real de eu estar lá), tinha que trabalhar sozinha no atendimento presencial ( de conflito, devido as obras super atrasadas). Existia uma equipe de mais de 10 pessoas e apenas eu (a grávida) que servia para tal função (de escudo).

Me foi dito, "na lata", que assim seria porque eu estava grávida e os clientes (doentes de raiva) ficariam mansos diante de uma gestante. Hahahahahaha! Não preciso nem dizer que não foi bem assim, né? Afinal de contas, o problema deles não era comigo e sim com a empresa e seus atrasos. E minha barriga não tinha super poderes de fazer uma obra ser finalizada no prazo! Kkkkkkkk!

Entendi (bem particularmente) que havia um desejo de que eu pedisse demissão, o que não ocorreu! Engoli meus sapinhos com farofa, trabalhei até uma semana antes da cesária e recebi linha licença maternidade de 4 meses, meu direito legal.

Passada a licença, decidi que não voltaria ao trabalho, por diversos motivos, e o principal deles: nenhum tipo de vínculo ou realização profissional existia alí naquele local para mim. Bola pra frente!



Ficaram os bons amigos, com certeza! :-D

(Mama)


domingo, 25 de maio de 2014

Relato de nascimento da Manuela. (Parto Humanizado)


Relato de parto e pós-parto. Nascimento de Manuela (bebê), Lorena (mãe) e Victor (pai)

Acho importante antes de descrever o grande dia, falar rápido de como chegamos a ele. Logo que descobri a gravidez, sempre disse que queria um parto normal, não queria escolher o dia que minha bebê viria ao mundo, queria que ela viesse quando estivesse pronta. Mas nem imaginava o quanto isso está ficando difícil atualmente! Fui em 7 obstetras, nenhum deles se dispôs a fazer o meu parto normal. Todos fariam cesárea, e se eu quisesse PN seria com o médico plantonista do hospital. Acho que poucas gestantes, com pouco conhecimento, teriam coragem de encarar o plantão de um hospital no grande dia. Foi assim comigo. Acabei “optando” por uma cesárea eletiva, e fui acompanhada por dois obstetras. Fiquei triste, mas tentei me consolar que “o importante é o depois que nasce”, o nascimento seria só um detalhe...


Até que no oitavo mês de gestação, um amigo falou pra Victor (meu marido) sobre o grupo Rodaviva, um grupo de apoio ao parto humanizado. Ele nos convidou para uma roda de conversa sobre “as dores do parto”. Victor me ligou super empolgado e eu joguei um balde de água fria nele dizendo “mas eu já vou ter cesárea, pra que assistir uma palestra sobre dor?”. Ele desligou o telefone. 2 min depois eu pensei: poxa, meu marido que nem vai parir ta empolgado, e eu assim...ai mudei de ideia e fomos para a roda. Nem sabia que ali nossas vidas mudariam! A conversa foi maravilhosa, transformadora e inspiradora! Lá fiquei sabendo sobre o Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho. Na segunda fui conhecer o centro e me apaixonei! Decidi: Manu vai nascer aqui. Na semana seguinte levei Victor ao centro e ele (ainda bem!) teve a mesma reação que eu. Pronto, mudamos nossa estratégia, faltava agora nos prepararmos para um parto totalmente diferente!

Comecei a conversar informalmente com Hellen Chang no Facebook, que estava na roda e foi muito solícita comigo. Começamos a pensar na importância de ter uma doula para esse momento...será que seria mesmo preciso? Não bastava só a gente ler e se informar? Mas optamos por ter esse acompanhamento, e Hellen topou nos ajudar. Escolha mais que acertada! Continuamos frequentando a roda, ouvindo depoimentos, fortalecendo ainda mais nosso plano, e nos preparando para essa espera, no fim do oitavo mês passei a fazer fisioterapia para gestantes, na Mansão do Caminho mesmo e entrei no pilates. Tudo que deveria ter feito desde o começo ocorreu durante umas cinco semanas. Foi o mês mais intenso da gravidez, e inesquecível. Me senti grávida de verdade, me senti mais viva! Muita gente se assustou sobre como uma pessoa com plano de saúde opta parir pelo SUS. Mas só quem conhece o CPN entende essa escolha (e quem não conhece, TEM de ir lá!). 

Enfim. Meu trabalho de parto começou com um sonho. Na madrugada do dia 23 de agosto de 2013 sonhei que minha bolsa havia estourado. Foi um daqueles sonhos tão reais que você acorda tendo certeza de que aconteceu mesmo. Mas constatei que tinha sido apenas sonho e acordei com uma sensação que não sei explicar. As 7h da manhã fui para o pilates, onde notei uma borrinha de sangue e fiquei super feliz porque finalmente os sinais começavam a aparecer! Fiz os exercícios normalmente, sentindo uma contração ou outra, diferentes das contrações de treinamento que estava acostumada a sentir, mas sem criar grandes expectativas. Logo eu, que sou a ansiedade em pessoa, tinha chegado as 39 semanas e 6 dias sem nenhuma ansiedade. Apesar de desejar o parto no CPN mais que tudo, pedia sempre a Deus que o parto fosse do melhor jeito para ela e para mim, e que se fosse pra ser no CPN seria, não iria ficar ansiosa para que viesse antes das 41 semanas.

Voltei pra casa e contei pra minha sogra sobre o sonho, a borrinha de sangue e a diferença nas contrações. Não contei pra mais ninguém naquela hora sempre buscando evitar as expectativas e pressão. Mas as dores começaram a aumentar e eu não queria contar para minha sogra, pois não sabia o quanto ela iria ajudar ou se assustar. As 10:58 entrei em contanto com minha doula linda Hellen, informando sobre essas contrações e ela, com toda tranquilidade do mundo, me indicou chuveirada, descanso e tentar distrair a mente. Victor voltou pra faculdade pra pegar o carro e voltar pra casa para me ajudar a contar as contrações. Mas o carro nos deixou na mão justo nesse dia! Ficamos em casa nós três, eu debaixo do chuveiro, Victor contando as contrações e minha sogra tentando se manter o mais serena possível. Falamos com Hellen no telefone por volta de 14h, e ela decidiu que se arrumaria para vir para minha casa. As contrações ainda eram irregulares e suportáveis.

Hellen chegou por volta de 17h com óleo, bola, paciência, e segurança pra mim e para Victor. Me lembrou que eu precisava vocalizar entre as contrações para ajudar a abrir o colo do útero, ensinou a Victor como fazer as massagens para aliviar as contrações e revezava nessa função com ele. Hellen representou tudo o que a gente leu nesse um mês de preparação para o parto ativo e natural, mas que corria o risco de se perder no grande dia devido à ansiedade. Com o mesmo olhar ela passava força, amor e tranquilidade, dizia “calma, você esperou e sonhou com isso, só precisa deixar rolar e se entregar a esse momento”. 

Ai você começa a entender uma das grandes diferenças do “parto humanizado”, você não está lutando contra a dor, você está andando junto com ela! Está esperando que ela fique mais e mais intensa, está torcendo por isso! Você não está sofrendo, está preparando seu corpo para essa onda maravilhosa (isso eu percebi depois de ter sentido muita dor :D  ). E você percebe também porque as doulas são tão essenciais. Elas são anjos, elas são a sua força quando você acha que vai enlouquecer, elas passam a tranquilidade e a força que o seu companheiro precisa para te apoiar da maneira mais suave nesse momento. E como rolou! Victor não foi nada do que esperava dele no dia do parto. Ele foi MUITO melhor. Esteve junto o tempo todo, lúcido, confiante, me enchendo de amor e companheirismo. Ele pariu junto comigo! Não sei se teria conseguido sem Victor e Hellen.

Acho que a partir de 18:30 as contrações já estavam de dois em dois minutos, e junto com elas aquela vontade de fazer força. Eu vocalizava e gritava quando a vontade de fazer força vinha, mudava de posição, recebia massagem, ouvia música...tudo muito intenso, eu planejei tirar foto da barriga no último dia, mandar mensagem para os meus amigos mais próximos e meus pais, e ir para o CPN com toda calma. Não rolou nada disso, mas foi maravilhoso do mesmo jeito. Depois de Victor ter conseguido o carro do vizinho emprestado, começamos a nos preparar para ir para o CPN, por volta de 19:30. Com as contrações de 2 em 2 min, saímos da Federação as 20h, rumo ao CPN.Durante a viagem eu pensei em cesárea por diversos momentos. Me questionei porque eu tinha escolhido sentir essas dores, porque eu não tinha deixado a cesárea eletiva mesmo, sem esse processo. Não comentei isso com ninguém, porque não sabia se minha sogra iria entender esse momento de loucura e ia desesperar querendo que a gente fosse para o hospital. 

Chegamos ao CPN as 20:20, fomos para a sala de exame, e o alívio veio quando a médica fez o toque e disse “oxe, tá toda dilatada já”, estava acontecendo! Nós iríamos parir! Fomos para um dos quartos, Victor entrou no chuveiro comigo, sempre com as massagens. Hellen e a enfermeira Lizandra ficaram assistindo. Me toquei e senti algo com a textura de uma bexiga, gritei: “to sentindo algo, mas não é a cabeça dela porque está careca!” E Lizandra sorrindo me disse: “é a bolsa, Lori!”. Deixei Victor sentir a bolsa também, e depois daí fiquei ali, sentindo as contrações e sentindo a bolsa, ainda inteirinha, envolvendo Manuca. Saímos do chuveiro e quis ir para o cavalinho, de onde não quis mais levantar. Victor ficou atrás de mim, me dando apoio, Hellen e Lizandra me acompanhando. Acho que o expulsivo começou as 21h. 

Durante as contrações fazia força e vocalizava, como tinha aprendido, mas não tinha energia suficiente para manter a força por muito tempo. A médica me orientou a travar a mandíbula, prender a respiração e fazer força pra dentro. Exatamente como tinha aprendido a não fazer. Mas naquele momento foi o único jeito que consegui de fazer força por um tempo maior. Fazia força, ansiando pelo “círculo de fogo”, eu queria ver logo minha filha! Com o incentivo de todos que estavam presentes no momento, consegui fazer a força por mais tempo, ai, em uma contração a bolsa estourou e Manuca quase apareceu. Isso me deu mais força, chamei por ela, “vem, Manu”, ai quando a outra contração chegou senti o círculo de fogo, fogo de vida! A cabecinha dela saiu. Nesse momento eu só queria pegar logo minha filhota e fiz mais um pouquinho de força, e ela saiu, inteirinha, linda, melecada e tranquila! 

Veio direto para os meus braços. Eu nem sei descrever o que senti naquela hora. Ela era perfeita! Ela era puro amor. Manuca nasceu as 21:34, pesando 3,805kg (ah, se meus obstetras soubessem disso!) e com 49cm. Nunca pensei que a perfeição pudesse ser uma coisinha tão pequena. Foi realmente único poder trabalhar em equipe com Victor e Manuca para que ela viesse ao mundo. Não tem nenhum “incômodo” do pós parto que tenha me feito pensar que deveria ter permanecido na cesárea. 

Na sexta feira do dia 23 de agosto de 2013 acordei com uma música na cabeça: “na bruma leve das paixões que vem de dentro, tu vens chegando pra brincar no meu quintal. No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento, e o Sol quarando nossas roupas no varal. Tu vens, tu vens, eu já escuto seus sinais”. Essa música agora representa o melhor dia de minha vida.

Um recado que deixo para quem ainda está grávida e deseja REALMENTE o parto natural: lute por ele! É uma luta ainda difícil nos dias atuais, requer persistência, paciência, e muita informação e suporte. Mas vale MUITO!

Hoje, 9 meses após escrever esse relato, volto a cada minuto daquele dia, agora olhando para Manuca aqui conosco. A maneira como ela nasceu me trouxe muitos questionamentos sobre o cuidado e criação que deveria ter com ela, sem medo de “viciar”, “mimar”, “estragar”. Sobre o cuidado com amor, respeitando as fases que ela precisa passar para se desenvolver e compreender o mundo em que vive agora. Posso dizer que Victor e eu também nascemos no dia 23 de agosto de 2013, pois desde esse dia somos pessoas totalmente diferentes, ensinados a cada dia por essa pequena.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Primeira vez, depois de quase 3 anos, comer em restaurante, com tranquilidade. (sonho!)


Ô maravilha! Poder conversar com as pessoas... Tomar uma roska de umbu cajá... Um sabor todo especial de "nunca mais tinha feito isso"! Passamos 3 horas no restaurante entre conversas, comidinhas, bate papo, fotos...


Fim de semana passado, experimentei pela 1a vez, em quase 3 anos, comer sem interrupção num restaurante. Sabe o que é isso? Hahahahaha! Que sensação maravilhosa!

Estava eu comendo uma moquequinha delícia enquanto a filha brincava, a alguns poucos metros, no parquinho do restaurante, que tinha um cuidador no espaço.




Minha filhota está crescendo e bem mais independente! Ficou brincando no parquinho com os novos amiguinhos. Não mama mais, não usa bico, não fica mais o tempo todo no colo, consegue expressar verbalmente suas vontades sem chorar, faz xixi no vaso... É... A vida tem sido outra! Kkkkk!

Aproveitando os momentos de tranquilidade com afinco, pois já estamos na programação do segundo filho (lá pro fim do ano a gente deve encomendar outro baby) e retornaremos às fraldas, choros, colo, peito e nada de comer sentada em paz... Hehehehehe! A não ser que eu tenha uma babá... Quem sabe, né? Rsrsrs!

Por aqui seguimos animados com os momentos de refeições pacíficas! Rsrs! :)

(Mama)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Relato de Mãe/ Gabriela e Alice.

Era dia 21/01/2010, exatamente uma semana antes de completar 25 anos. Nessa época fazia farras monstruosas e pra mim qualquer dia era dia...rs

Justamente nesse dia, acordei com uma ressaca arrebatadora e fui trabalhar semi-viva, digamos assim. Dei-me conta que a minha menstruação, que nunca atrasava, havia três dias sem vir. Surtei. Fiz teste de farmácia e para meu desespero, aquelas duas tão temidas tarjinhas cor-de-rosa apareceram. Não me dei por satisfeita, resolvi fazer o Beta. O resultado sairia naquele mesmo dia ás 16h. Longas horas de espera. Então saiu. POSITIVO. Meu primeiro pensamento foi: “F%$*U! Meus pais vão me matar!” Mas logo em seguida, veio uma sensação de felicidade, me tornei mãe no momento em que vi o resultado positivo. Até estufar a barriga eu já estufava.

A reação do pai foi a pior possível, mas essa parte a gente pula. Como contar a minha mãe? Lá vou eu para casa do pai da criança, meu namorado na época. Ele já tinha se recuperado do susto. Pensei que tudo iria se acertar, sossegar. Mas não, logo depois, no mesmo dia á noite recebi a pior notícia da minha vida, havia acontecido uma tragédia na minha família, tudo estava abalado, destruído. 

Resolvi esperar e não contar. Sentia-me muito culpada por estar feliz com a gravidez, num momento tão sombrio e desesperador como aquele em que a minha família estava passando. Mas como esconder da minha mãe, minha melhor amiga, a pessoa que mais me conhece nesse mundo?! Ela logo ia perceber, não queria mentir. Decidi contar no dia do meu aniversário, e assim foi.

Também não tive dela a reação que eu esperava inicialmente. Mas ela tinha milhões de motivos para se preocupar. Um deles foi o fato de eu ter perdido o meu plano de saúde por conta da idade. Depois da reação dela, logo em seguida, ela percebeu a minha frustração, eu acho e veio com todo amor e carinho me dar os parabéns e desejar saúde para aquele “serzinho” que estava dentro de mim. E depois dali, até hoje, meus pais são meus heróis, meus parceiros. Dão-me apoio em tudo e amam a minha filha de uma forma inexplicável.
Contei com muitos anjos durante a minha gravidez. 

Sou eternamente grata a Tia Lêda e toda a sua família que me acolheu e amparou com tanto amor. Também tem Tia Thea, tantos conselhos maravilhosos e tanto carinho. Dr. Wilson, meu obstetra TOP, ele é o cara. Serei eternamente grata a todos e principalmente a minha família.
Tive uma gestação complicada. Duas ameaças de aborto, precisei tomar remédio a gravidez inteira. Alice “encaixou” aos 04 meses e com 06 meses eu já estava tendo contrações. Ouvir do médico que nem chorar você pode para não contrair os músculos, pois o bebê poderia nascer de um “espirro” foi a parte mais difícil. 

Repouso absoluto, e consegui fazê-la esperar até o oitavo mês. Então a minha pequena veio ao mundo ás 08h25min do dia 13/09/2010 de uma cesariana. Estava em êxtase, não conseguia acreditar que ela estava ali. Olhava, mas não entendia, não acreditava. Eu era mãe! Existia agora uma pessoinha que dependia totalmente de mim.

Passei por alguns sustos logo no inicio. Ser mãe é muito difícil. Mas a minha maior alegria, meu maior prazer foi amamentar. Era o nosso momento, só meu e dela. Era como se me fechasse numa bolha e os problemas ficassem lá fora. Era mágico. Fui muito rigorosa com relação a isso, até os 06 meses, foi só leite. Nem água. E ela mamou até 01 ano e 04 meses de vida. O bebê mais tranquilo do mundo. Nunca passei uma noite com ela acordada. Não teve cólica e nem gases. Dormia como um anjo. Chegava a checar para ver se respirava do tanto que dormia.

Durante a gestação, engordei 08 kg. Aceitável, mas não para mim que havia engravidado na minha fase mais gordinha. Com 60 dias de “parida” já havia eliminado 16 kg. No total do dia que ela nasceu até hoje, eliminei mais de 20 kg.

As pessoas me perguntam: como???? Disciplina. 80% é alimentação. Atividade física fica com os 20% restantes. Fui muito radical, acho que nem todo mundo precisa ser tão radical assim. Basta ter bom senso e se alimentar bem. Comer a cada 3 horas (coisas saudáveis viu), ter uma noite de sono com qualidade e fazer atividades físicas. Vale qualquer uma. Gosta de correr, corra. Gosta de dançar, dance. Gosta de patinar, patine. Gosta de pedalar, pedale. O importante é manter o corpo em movimento. E vale lembrar que o mais importante é a saúde. O corpo é a consequência de uma vida saudável. E é bom se olhar no espelho e se sentir bem, não é mesmo?

Passei muito tempo infeliz com meu corpo, nunca estava satisfeita. A autoestima não existia. Hoje sou feliz com a minha escolha de ter uma vida voltada para a saúde, esportes e atividades.

E a minha felicidade reflete também na vida da minha filha. Quero ser um bom exemplo pra ela. Às vezes sinto que não estou à altura de ser mãe de Alice, ela é tão especial, que acho que sou pouco pra ela. Quero que ela sinta orgulho de mim. Sei lá...são coisas que sinto às vezes. Mas no geral, aprendo mais com ela do que ela comigo. Minha vida não existia antes dela, nem lembro mais. Tudo só fez sentido depois que ela chegou. Nosso anjinho de luz. Veio num momento de escuridão e iluminou a vida de toda a minha família.

Mesmo com todas as dificuldades do papel de mãe, estou aprendendo e tentando acertar. Mas se errar, não foi por mal, a intenção é sempre acertar. E entre erros e acertos a gente vai se moldando. Eu e ela. E a nossa família claro.

Sou grata a Deus por ter uma filha tão especial e uma família maravilhosa. Perceber no rosto dos meus pais o brilho e a felicidade quando olham para ela, é essencial pra mim. Palavras não existem para definir. “É muito amor envolvido.”


Espero que tenha conseguido transmitir um pouco da minha história e da minha satisfação em ser mãe! Mesmo com todos os momentos de dificuldades, não me arrependo de nada, faria tudo de novo. Porque por Alice valeu a pena. Ela é a melhor parte de mim.

Os 5 livros mais interessantes para mães de primeira viagem. (Por Mama Lumen)



Listei os livros que achei mais legais para as futuras mamães (de primeira viagem ou não), relacionando seu conteúdo às necessidades praticas das futuras da mamães.

1- O Livro da Maternagem (the best): Um livro recente, publicado em 2013, atualíssimo, dividido por capítulos como: Capítulo 1-Gravidez e Parto; Capítulo 2- Amamentação; Capítulo 3- Colo, embalo e acalanto; que possui em torno de 700 páginas e o mais importante: traz uma mensagem de afeto e acolhimento à mulher. O livro é mesclado com poesias, letras de música, imagens famosas, obras de arte; o que torna a leitura extremamente agradável! Super recomendado! :D

2-A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra (tradição): Já é tido como livro de cabeceira da gestante por alguns anos. Ele aborda a questão da maternidade vista de uma forma emocional, de vínculos psicológicos. Traz relatos (da vida real) do trabalho da Psicoterapeuta familiar Laura Gutman. Trata diversos temas relacionados à gestação, ao nascimento, ao choro do bebê, ao puerpério, aos limites, ao desfralde, à violência familiar, à hora de dormir, à censura dos adultos... emfim... um livro de tirar o fôlego! Muito bom! E a sensação ao ler o livro é a de que a autora está falando diretamente contigo, entendendo seus anseios e medos, é impressionante! Possui em torno de 300 páginas. Do tipo de leitura que a gente não quer que acabe nunca, sabe como é? :D

3- Cuidado, Afeto e Limites (dilemas atuais): É um livro escrito por dois profissionais (homens) que trabalham e se relacionam com a infância e adolescência, sendo um pediatra e outro psicólogo. São abordados temas como: A sociedade e o hedonismo; A figura da babá; Criança normal dá trabalho; Como lidar com os limites; Quem precisa de ajuda: os pais ou os filhos?; entre outros temas. É um livro de conversa entre os autores, como num debate, em que um opina e comenta a fala do outro. Possui em torno de 150 páginas, um livro curto, fácil de ler e bem atual. Uma leitura descontraída! :D

4-Filhos. Da gravidez aos 2 anos de idade (Sociedade Brasileira de Pediatria): É um livro ótimo. Bem ilustrado, com passo a passo, bem didático e informativo. Escrito com a colaboração de 35 autores, sendo, a maior parte deles, médicos especialistas em pediatria. Ter esse livro em casa é poder contar com dicas de pediatras para situações diversas do dia a dia da criança relacionados à cuidados, alimentação, segurança, alertas para situações emergenciais. Traz as principais orientações da OMS e da SBP. Um bom livro para se presentear uma futura mamãe! Foi um dos livros que eu mais gostei de ler durante a gestação! Delicado, bem ilustrado, com dicas. Muito bom mesmo! Tem em torno de 300 páginas. :D

5- A Bíblia da Gravidez (gigante): Tudo que possa imaginar sobre gravidez e primeiros meses do bebê tem neste livro. Para quem gosta de tudo nos mínimos detalhes. Informações sobre exames, doenças, modos de tratamento, saúde, consultas, alimentação, procedimentos, parto, pós parto. Este livro eu ganhei e gostei bastante. Creio que seja o livro, dentre os demais, que seja mais rico em informações sobre gestação. Tem em torno de 400 páginas. :D

Existem outros tantos livros magníficos e outros tantos que nem lí ainda... com certeza! Mas essa lista aí em cima, vale ouro, na minha humilde opinião! São perspectivas diversas, o que nos ajuda a entender o processo complexo que é gestar um novo ser.

Boa leitura! :D

(Mama)






terça-feira, 20 de maio de 2014

Relato de Mãe/ Mariana e Matheus.




Bem, eu nunca quis ser mãe. Na verdade, eu nunca tive um pensamento muito tradicionalista das coisas. Nunca quis casar, ser mãe, ter aquela casa com cerca branca. Nada disso! Queria viajar, trabalhar, conhecer pessoas, morar em vários lugares, ser nômade no mundo... uma vida de aventuras! 

Aos 18 anos eu comecei a namorar um cara de uma cidade diferente e aos 20, descobri uma COMPLETAMENTE INESPERADA gestação. Eu tomava pílula anticoncepcional, me cuidava direitinho, mas devido a uma virose, a pílula "perdeu" o efeito e tcharaammmm! 

Eu, completamente alheia aos sinais do meu corpo, continuei tomando pílula até os 4 meses, quando minha madrasta começou a me perguntar se eu não estava grávida. Na dúvida, chamei uma amiga e pedi pra ela ir comigo comprar o teste de farmácia. Em 10 segundos o teste deu positivo. Eu congelei. Compramos outro e deu positivo novamente. Eu tive uma crise histérica de riso. No dia seguinte, eu fui ao médico e ela disse que eu já deveria estar com 4 meses, o que foi confirmado no ultrassom. Meu primeiro pensamento foi de: meu mundo caiu. Eu chorei muito, por tudo. Medo, desespero, ansiedade... eu não queria ser mãe! Eu não achava que eu tinha capacidade pra cuidar de outro ser. Eu mal cuidava de mim. Aquela notícia foi devastadora.

Depois de contar pra todo mundo, perceber os olhos críticos e ouvir as palavras maldosas das pessoas, eu fui resiliente. Até o 5º mês, foi muito estranho, pois eu não me sentia grávida, não havia nada diferente comigo, não tinha caído a ficha. Quando um dia eu senti um choque na minha barriga... e mais outro e outro... Aquilo não parava! Eu senti uma angústia, um misto de sensações. A partir dali as coisas começaram a mudar, a fazer sentido. No entanto, eu não sentia aquele amor incondicional que todo mundo falava. A gestação em si foi uma delícia, eu sentia muito afeto pelo bebê, mas não conseguia classificar como amor incondicional. O que era muito estranho pra mim, porque quando a gente engravida, a gente é cobrada o tempo todo pra ser assim. 

Durante a gravidez, muitas coisas aconteceram... reforma da casa pra acolher o bebezinho, compra de enxoval, mudança do corpo, mudança na relação (um desejo insaciável por sexo! hahahaha), o chá de fraldas... tudo novo! Até que veio a parte mais difícil: decidir como seria o parto. Eu morria de medo de ter cesárea, porque a minha mãe teve muitos problema quando me teve, fez mais 3 cirurgias posteriores, ficou sem poder me pegar no colo durante 2 meses. Foi terrível! E eu só conseguia pensar que comigo também seria assim. Optei pelo parto normal. E só me restava esperar. Eu esperei, esperei, esperei... e nada! Nenhum sinal. Não tive contração, não tive descolamento do tampão, não tive bolsa estourada naturalmente, não tive dilatação. Com a placenta completamente amadurecida, Matheus não podia mais esperar, então precisei marcar uma cesárea. DE-SES-PE-RO!

Marquei a cesárea pro dia seguinte, um domingo. Minha obstetra foi sensacional!! Ela conversou com o anestesista pra cuidar bem de mim, me abraçou e conversou comigo enquanto eu recebia a anestesia, enquanto era lavada. Ela me acolheu naquele momento. E a minha lembrança é de não ter sentido dor, nem medo. Foi de total entrega.

E quando eu ouvi o choro... foi... incrível! Eu me pego buscando no crivo da minha memória aquele momento... o mais feliz da minha vida. De repente, aquele serzinho tão pequenininho trouxe em mim uma enxurrada de amor que era inexplicável. Ele era a concretude do amor sem fim, desmedido. Eu sentia que eu podia explodir de felicidade naquela hora e espalhar aquilo pro mundo. Ele veio lindo, espero, atento, rebelde. Tudo o que eu esperava de um filho.

Eu era mãe de primeira viagem, morando com alguém que também não tinha experiência com a maternagem. Foi muito divertido! Eu ia descobrindo as coisas e fazendo tudo do meu jeito, meio instintivamente. Pescava algumas ideias dos livros, mas tudo era diferente! Não era tão compartimentado como nos livros. Era uma loucura deliciosa! E eu abracei a minha função de mãe.

Em meio a tantos sentimentos, experiências tão fantásticas, a única vivência ruim da maternidade foi a amamentação. Foi terrível, sofrível, péssimo! Eu não tinha bico do peito formado, o leite demorou de chegar, meu peito rachou muito. Tive uma mastite fortíssima, muita febre, muita dor. Matheus só mamava sangue e pus, enquanto eu mordia a fralda e chorava pra não gritar. O próprio pediatra pediu para que eu suspendesse a amamentação. Eu me recusei! Contratei enfermeira, comprei pomadas importadas caríssimas, aluguei uma bombinha elétrica, passei todo tipo de coisa que me aconselhavam. Foi em vão. Meu leite secou. E eu fui obrigada a ouvir todas as pessoas me julgando, porque eu TINHA DE amamentar. Pessoas que nunca haviam me ligado nem pra desejar um "feliz aniversário", me ligavam pra dizer que eu estava sendo frouxa, relapsa... Eu chorei muito, senti uma frustração imensa e cheguei a duvidar que algum dia eu conseguiria ser mãe mesmo.

As coisas foram se ajeitando, ele foi crescendo lindo, forte, saudável. E desde então, eu e meu passarinho, meu príncipe, meu bochechinha-mais-gostosa-de-dar-beijinho, estamos nos descobrindo mãe e filho. Um passo de cada vez. Ora errando, ora acertando. 

Tem sido uma experiência maravilhosa escrever esse texto. São 8 anos de memórias lindas. E olhando pra tudo isso, eu só consigo pensar que ser mãe tem sido a maior aventura da minha vida! 


--
Nana Feigl

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Você tem deixado seu filho brincar?



Passeando por diversos blogs (em todo mundo), me deparei com a seguinte pergunta?

-"Você tem deixado seu filho brincar?"

Para essa pergunta, tenho a resposta na ponta da língua: sim!

Minha pequena brinca muito!

Brinca com os vizinhos, brinca com o pai (que é criança tb! rsrs), brinca na escola, brinca comigo, brinca sozinha e brinca com quem mais aparecer!

Ela ama brincar! E gosta, bastante, de brincar acompanhada. Então ela tira o pai dos jogos no pc e tira a mãe do blog ou da cozinha e a regra é sempre brincar! - "Mamãe, vem brincar comigo, por favor?"; -"Papai, já acabou aí, já acabou, já acabou?

Ela AMA fazer pinturas. A gente fica de cabelo em pé, porque, quase sempre suja tudo, mas eu fico feliz em vê-la toda animada para desenhar e pintar tudo com suas tintas e pincéis. Adquirimos um cavalete e, agora, pregamos o papel nele, para ela desenha por lá! Funcionou bem! :D

Qual a importância de deixarmos as crianças brincarem?

Existe muita interferência dos adultos?

Estamos deixando as crianças brincarem ou estamos mais preocupados com a sujeira e a bagunça?

“Letting our children play” sounds easy and so obvious, doesn’t it? We all know play should be encouraged, because it’s essential for healthy development: physical, cognitive, psychological and, most imperatively, the development of extended potty breaks for parents. Yet many of us find it surprisingly difficult to refrain from interrupting or interfering when our children play. " (Link 1)
"A criança precisa ter tempo e espaço para brincar. É importante proporcionar um ambiente rico para a brincadeira e estimular a actividade lúdica no ambiente familiar e escolar, lembrando que rico não quer dizer ter brinquedos caros, mas fazer com que elas explorem as diferentes linguagens que a brincadeira possibilita (musical, corporal, gestual, escrita), fazendo com que desenvolvam a sua criatividade e imaginação." (Link 3)

Se este tema te interessa, tem mais informações nos links:

  1. http://www.janetlansbury.com/2014/05/will-you-let-your-children-play/
  2. http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/desafios-cotidianos/arquivos/integra/integra_SILVA%20e%20SANTOS.pdf
  3. http://aconversacompais.blogspot.com.br/2008/03/importncia-do-brincar-no.html

Por aqui seguimos brincando! :D

(Mama)

Relato de Mãe/ Maína e Gael.



Eu que sempre disse que não queria ter filhos!
Na verdade, nunca fui aquela pessoa louca por crianças, bebês, etc. Nunca me chamaram atenção, se não pelos pontos trabalhosos, "chatos"... 

Ainda hoje não sou apaixonada por crianças, nem por adultos, nem por idosos. Gosto de certos indivíduos, independentemente da idade, por exemplo, mas, por categoria, meu amor é declarado apenas aos animais.

 Mas já falei que também nunca casaria? Que viveria pra mim, intensamente, aproveitando sozinha os meus dias em viagens, planejamentos individuais, trabalhando para bancar minhas realizações? Pois é. Essa fui eu.
Entrei numa relação deixando que ela acontecesse, sem prezar por formalidades. Claro, baseando-me nos meus interesses - apenas! Moramos juntos. Saí dessa relação também quando ela acabou. Sem intenção de, sem pensar o fim, sem planejamentos. Continuava sendo eu mesma, nenhuma mudança nos meus planos. 


Havia do outro lado, no entanto, a vontade de construir, de ser família, de ritualizar etapas. Eu não liguei. Mas tudo isso desencadeou um processo reflexivo. Gratidão eterna por quem foi tão brilhante, honesto, correto e dedicado vivendo sozinho um monte de intenção enquanto eu vivia pra mim apenas, egoisticamente, mas que me apresentou uma outra forma de vida em meus pensamentos mais íntimos.
Daí começaram os questionamentos: não quero mesmo? família, filho, marido...

Encontrei outra pessoa. As respostas vieram: quero, quero junto, quero muito, quero, mas preciso que queiram pra que eu tenha coragem, eu ainda sou aquela pessoa que não queria, só que querendo, mas minha vida é direcionada ao plano anterior. Ouvi o título de que "merecedora" de ser mãe de um filho dele e isso mexeu de uma forma que ele nunca vai entender. Mas o certo é que algo já tinha mudado.

A relação não foi essas mil maravilhas o tempo todo. Muito de muita coisa que não achamos facilmente em um par e pouco entendimento para questões básicas. Idas e vindas. E numa das idas, eu: grávida. Foi desesperador, o medo do mundo todo. Era o medo das condições, do apoio para encarar aquela situação que não precisava ser lamentável - poderia ser motivo de comemoração, mas na hora não foi. Era o medo de perceber outra decepção na relação quanto à aceitação do fato, que acabou sendo concretizado. Mas enfim, medos passados, etapas vencidas (talvez ainda hoje não superadas), mas chegamos ao ponto onde a gravidez começou a fazer parte da realidade.

Deste momento em diante, você não é a mais a mesma. Eu, pelo menos não fui. Primeiro, porque eu não me via mais como um indivíduo - me via como dois. E sua vida se adéqua mais à necessidade do outro indivíduo do que às suas. Aliás, as suas passam a ser as mesmas, porque é ele é você. Entrei em outro espírito e comecei a comemorar sozinha, internamente, todos os dias, por Gael. É incrível como deixar de ser um indivíduo por conta de um filho me trouxe apenas e somente prazer. Nunca tive medo de não poder dormir mais a noite toda, ou de sair em liberdade, ou de nada que indicasse mudança de rotina. Os medos passaram a ser outros: sustentar, educar, direcionar, cuidar e, novamente, educar, educar, educar.



Meu processo de gestação passou a ser melhor ainda quando comecei a frequentar rodas sobre humanização do nascimento e meu namorado iniciou o processo dele de aceitação da gestação fazendo parte dos encontros também. Desenhamos um mundo comum dentro dessa bagunça de acontecimentos que não se adequavam aos planos dele. As rodas eram algo dentro da gravidez que podia trazer o assunto com alguma afinidade, carinho e interesse. Na verdade, vivi praticamente sozinha as sensações da gravidez, não tive, no nível de intimidade que eu gostaria, alguém para compartilhar os sentimentos, medos, angústias, felicidades ao longo da gestação (não desmerecendo mãe, amigos..). Ele chegou no segundo tempo, participou do que foi chamado, mas não se integrou ao processo até que começamos a falar de parto - humanizado.

Chegou o parto e o processo foi muito bom. A partir do momento que começamos a viver a dois (três) tive as melhores sensações de minha vida. A ideia, mesmo que ilusória, de um núcleo familiar, de se ter algo alí de construção sua é de um prazer indescritível (não é minha realidade). Mas o que interessa é que tudo isso me mudou. Mudou minhas perspectivas, meus planos, meus desejos pessoais que não são mais tão fundamentados em minha liberdade, mas na minha vontade de construir coletivos, família, valores, princípios que possam fazer parte da educação de Gael e da minha também. Construir passou a ser um objetivo de vida importante (família, núcleo, vínculos).

O nascimento de Gael é um capítulo à parte. Tenho que dizer apenas que contei com a melhor equipe que poderia contar e que vivi com meu namorado o melhor dos nossos momentos. Me apaixonei por ele a cada segundo neste processo e projetei todos meus melhores sonhos com a pessoa que estava comigo naquele momento. E Gael chegou.

Ser mãe pra mim começou com um senso de responsabilidade. Um indivíduo "seu", pra você cuidar, mas que você não conhece muito bem. Mas a vontade enorme de fazer o melhor pra ele, por ele e por você mesma, vem junto. Não conseguia distinguir no primeiro momento este amor separado do senso responsabilidade. Era muita informação e acho que não estava relaxada apenas para curtir, mas logo, muito logo, vestida de minha função de mãe, mas sem nada dever a ela, sem querer ser nada ou corresponder a nada, pude experimentar somente o prazer da companhia daquele novo indivíduo e do prazer - que eu acho quase impossível pra percepção masculina (pelo menos nas experiências que já compartilhei) - de se entregar a alguém inteiramente, na vontade de fazer o melhor por alguém que não seja você mesmo.

Gael chegou e o que posso dizer é que ele faz eu refletir cada uma das minhas atitudes, o tempo inteiro. A vivência que ele trouxe me tirou de "locais cômodos" que já incomodavam há bastante tempo, mas que não traziam a urgência de mudança. Ele me trouxe a quem eu sou em princípios, pois tem a ver com como eu quero me apresentar a ele... crua, despida, básica, relevando o que tem importância apenas. A necessidade é de se ajustar as condutas àquilo que sabemos que é certo, que sempre achamos que deveríamos estar fazendo mas que não fazemos porque é "assim mesmo", porque a rotina cobra, porque a sociedade cobra...

Hoje, eu e Gael somos suficientes pra mim. Claro que contamos com muitos apoios e participação, mas a ideia é de que somos um organismo só e necessário para a sobrevivência de ambos. E por puro prazer. 


Engraçado que nenhum dos problemas que pensamos que enfrentaremos ao nos tornarmos mães são problemas reais quando somos mães (minha experiência). (Ex.: Não poderei viajar quando quiser, não poderei dormir a noite toda, não poderei acordar tarde, não poderei gastar meu dinheiro com bobagens..) Eu deixaria de comprar qualquer dessas coisas para ser mãe, ou de fazer qualquer viagem, sem nenhum pesar. Minhas viagens hoje são pensadas com ele, no que eu quero mostrar, no que eu quero que ele conheça - e como eu quero. E são os planos que mais me dão prazer. Não tem a mínima graça pensar hoje em virar a noite na rua e qualquer pequena saída sem a companhia dele me faz ficar com o coração longe. Nem entro no quesito trabalho.

Ser mãe tem sido trabalhoso e tiro meu chapéu pra quem tem dois, tem gêmeos...  tenho outros filhos de outras espécies e me culpo por não conseguir dar a merecida atenção a eles, mas foco dia a dia na interação de todos para facilitar o meu dilema, e, por essas e outras, é que preciso sempre de apoio.

Não dirijo sozinha com ele ainda, não saio com ele sozinha também pois não consigo nem fazer xixi se não houver alguém pra me ajudar. Tarefas comuns passam a exigir uma estrutura que não é fácil, mas estar presente nas descobertas diárias não tem preço, vale qualquer hora de sono perdida, faço questão de estar em todas que eu puder estar.

Tenho alguns momentos específicos guardados para compartilhar com Gael quando ele puder entender alguma coisa. Alguns deles sobre amamentação. Sobre os sorrisos durante minhas brincadeiras enquanto amamento, sobre algumas manias, posições e, principalmente, sobre olhares que atravessam todas as minhas barreiras, construções, palavras, racionalidades e chegam no coração completamente despido. Esses olhares de Gael que me dizem tudo que eu jamais conseguirei ouvir com meus ouvidos, que jamais conseguirão falar todo o nosso diálogo e entendimento, que ninguém no mundo poderá traduzir, explicar...

É muito amor.


Maína Marinho Diniz