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sábado, 31 de maio de 2014

A importância do brincar (Parte 2).



Brincadeiras, jogos e fantasias

O processo de formação simbólica corresponde à construção entre objeto e pensamento. Esta é “constituída a partir do momento em que a criança representa um ato, uma ação, na ausência de seu conceito habitual” (KOUDELA, 1990, p. 34).

Com a construção do símbolo a criança avança intelectualmente. Através da imitação, ela utiliza seu próprio corpo para representar objetos ausentes, tornando-o dessa forma expressivo. Quando representar algo, se faz necessário ela utiliza outros objetos evocando aquilo que está ausente, isso é o que podemos chamar de jogo simbólico, neste, o que importa é apenas simbolizar, não importando o realismo do objeto em questão.
Assim, podemos definir brincadeira, como um ato que se caracteriza pela ausência de regras rígidas ou determinadas. Estas serão apenas utilizadas pela criança quando convir as suas necessidades.

“A brincadeira não se processa em alinhamento com a realidade objetiva ou com a sequência lógica dos fatos, mas sim com as livres associações do momento” (BETTELHEIM, 1998. P. 157) .
Os indivíduos podem desempenhar papeis diferentes, com diferentes personalidades, desempenhando um papel, “como se fosse outra pessoa, ou melhor, é outra pessoa” (HUIZINGA, 1980, p.16).  Aqui, nessa brincadeira de “faz de conta”, as crianças podem expressar através de outros personagens, seus medos, frustrações e inquietações sem, no entanto se expor.

Quando à vontade de “brincar de” já existe a criança pode ser mais criativa, pois ela mesma pode inventar os objetos, valendo-se de qualquer sucata.

Já os jogos correspondem a uma fase mais amadurecida, são competitivos e “caracterizados por uma exigência de se utilizar os instrumentos da atividade do modo para o qual foram criados, e não como a imaginação ditar” (BETTELHEIM, 1998, p.157). Geralmente se aproximam do nosso modo adulto de ser.

A fantasia também exerce um papel fundamental, pois se valendo da imaginação, “a criança pode ser absolutamente despótica, sem limitações para o seu domínio” (BETTELHEIM, 1998, p. 157).  No entanto quando trazida para a brincadeira, traz certas limitações, já que o mundo real, muitas vezes, não corresponde ao imaginário. Neste caso, a “criança que é muito realista ou então sonhadora, não brinca criativamente. 

Se for muito realista não conseguirá imaginar coisas que não está acostumada a ver, nem aceitará uma representação apenas aproximada, portanto o criticismo inibirá a criatividade. Se for muito sonhadora poderá gastar suas energias em devaneios, sem chegar a reproduzir suas criações porque se satisfará, só com sua imaginação” (CUNHA, 1998, p.19). Logo, faz-se necessário o embricamento entre fantasia/brincadeira e jogo na construção de uma personalidade plenamente sadia.

 
A Participação da Família

A participação dos pais e de outros adultos significativos é de suma importância para a plena formação da personalidade.

Inicialmente, todo o eu está contido no seu corpo. É o que podemos chamar de eu corporal. Nessa fase, todas as suas atitudes e percepções são diretamente ligadas ao seu corpo. Por isso, os pais devem respeitá-lo e demonstrar atitudes de carinho e respeito, o que refletirá diretamente na forma como a criança construirá sua personalidade. Caso contrário, ela irá reagir de forma negativa com eles e com ela própria, ocasionando a destruição de sua autoimagem.

Também os sentimentos inconscientes dos pais são sentidos pela criança, mas apenas no nível subconsciente, interferindo plenamente na habilidade de encarar o que seriam seus verdadeiros sentimentos se permitisse tomar consciência deles.

No processo de construção da personalidade inúmeras vezes nos deparamos com mudanças bruscas no comportamento das crianças; estas são formas de re-trabalhar os problemas anteriores, o que requer dos pais uma aceitação interna durante todo o tempo, além de um amplo repertório de respostas diferentes as diferentes situações.

Se, “os pais em vez de encorajarem o desenvolvimento do eu do filho, criam estorvos, a criança pode renunciar o seu eu florescente, a fim de obter uma pseudo-segurança, através de uma fusão com a mãe” (BETTELHEIM, 1998, p. 30), fixando-se assim num “pseudo eu resultando mais tarde numa experiência psicótica, marcada pela despersonalização” (BETTELHEIM, 1998, p.135).



Por isso, os pais devem tornar clara a sua aprovação e reconhecimento do crescimento e de atitudes de independência que a criança desempenha. Assim, ela terá segurança em definir os traços de sua identidade.


Ivana Braga Falcon.
Psicopedagoga, especialista em Neuropsicologia, Pedagoga.
Coautora do livro “Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem” pela editora WAK, 2011.
Palestrante, professora em cursos de pós-graduação, formadora de pais e de professores.

(71) 8114-2759

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